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"A reforma da Previdência tem que mexer nos maiores salários’"

Afirmação é do senador gaúcho Luis Carlos Heinze (PP)


O senador mais votado na eleição de 2018 no RS com 2.316.177 votos, Luis Carlos Heinze (PP), sustenta que a reforma da Previdência entregue pelo presidente Bolsonaro ao Congresso nesta quarta-feira (20), deve atacar os altos salários do legislativo, executivo, judiciário e a ‘questão dos militares’.


"As pessoas se aposentam na iniciativa privada com R$ 5 mil e na esfera pública com R$ 10, 20, 30 mil. Alguma coisa está errada", diz o progressista em entrevista exclusiva ao jornal Bom Dia.

Além disso, Heinze fala de seu compromisso com o Alto Uruguai – destacando agricultura, saúde e turismo. Também defende a reforma Tributária, PPP´s para ferrovias e hidrovias e a renegociação das dívidas dos estados com a União. Confira:


Durante a campanha, o Sr prometeu lutar para garantir a compensação dos estados pelas perdas da Lei Kandir e a renegociação das dívidas do RS com a União. Agora, eleito, como transformar discurso em realidade? Nos já entramos com um requerimento na semana passada para convidar os governadores que são devedores em todo o Brasil a fim de discutir o tema na comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal. E todos são: alguns mais, outros menos. Convidei também o ministro Onyx Lorenzoni, da parte política do governo Bolsonaro, e o ministro Paulo Guedes, que é o chefe da economia, para participar da reunião na comissão. Com estes ministros, vamos discutir as contas, que muitas vezes não fecham. Vamos propor um ajuste delas. No total, São Paulo deve três vezes mais do que o Rio Grande do Sul; Rio Janeiro duas vezes o que deve o RS; Minas Gerais uma vez e meia em relação à dívida gaúcha. Também, como disse, chamaremos os pequenos estados devedores. Portanto, nesta audiência discutiremos o que os estados devem e também o que têm a receber da União. Por exemplo, a Lei Kandir – pela qual os estados teriam a receber só no ano passado R$ 390 bilhões e receberam R$ 39 bi. Vamos discutir também a formatação da dívida e que saídas nós temos para os estados. O foco é buscar juntar forças dos governadores, dos senadores, dos deputados federais e estaduais e fazermos uma ação conjunta com o governo federal.


Outra bandeira, além da agricultura e renegociação da dívida dos estados, é a retomada de ferrovias e hidrovias no RS? Qual o caminho a seguir? PPP´s seriam a melhor alternativa? Sim, penso que a melhor forma de viabilizar projetos seriam as parcerias público-privadas. Já estamos trabalhando para a abertura de um segundo porto no RS, em Torres. Aliás, negociações estão em andamento com empresários da região do Litoral, lideradas pelo prefeito Carlos, de Torres, e também empresários da Serra gaúcha, principalmente, Caxias do Sul, que estão bastante interessados. Há um movimento chamado MOB Caxias (Mobiliza Caxias) que inclui, ainda a Universidade. Além disso, estamos buscando outros parceiros de Vacaria, Lagoa Vermelha, Passo Fundo, Erechim. É importante que as associações comerciais estejam ligadas no processo, pois o porto, em Torres, é muito importante para os empresários desta região. Além do porto, já conversei com o ministro Tarcisio, da Infraestrutura, para retomarmos as ferrovias do RS – que de seus 3 mil km, tem 1 mil km parados. Também muito se fala da Ferrovia Norte, de Panorama/SP para cima. Mas ela também vem em direção ao PR, SC e RS, chegando ao porto de Rio Grande – a chamada Norte/Sul, e precisamos discutir este eixo. Por fim, estamos discutindo com um grupo interessado aas hidrovias do RS, que tem utilizado apenas 600 km de um total de 1,2 mil km.


Qual sua posição a respeito da reforma da Previdência? A discussão da reforma da Previdência é importante, considerando o déficit que o Brasil tem hoje. O ministro Paulo Guedes e o presidente Bolsonaro já pegaram o país com mais de 13 milhões de desempregados e uma herança deixada pelo ex-presidente Temer, que vem ainda do tempo da Dilma, em torno de R$ 140 bilhões. Temos, pois, que atacar três graves problemas: o desencaixe da Previdência, o déficit das contas correntes e os juros que estamos pagando. Especificamente sobre a Previdência, temos um discurso de muito tempo, pelo qual é preciso mexer nos altos salários. Cerca de 70% da população, da cidade e do campo, recebe até 3 salários mínimos. Não é neste que temos que tocar, mas nos altos salários do legislativo, onde estou, no executivo federal, estadual e municipal, no judiciário e agora entra também a questão dos militares. Temos que trabalhar em quem ganha 10, 15, 20, 50 salários. Tem muita gente que ganha até mais do que 50 salários mínimos/mês. As pessoas se aposentam na iniciativa privada com R$ 5 mil; na esfera pública com R$ 10, 20, 30 mil. Alguma coisa está errada. Se não corrigirmos as atuais distorções, a fim de gerar estabilidade, vai chegar um ponto em que os atuais aposentados não terão como receber. Este é nosso papel aqui no Senado.


E a reforma Tributária? O Brasil não aguenta mais pagar tanto imposto para sustentar a máquina pública, que há 30 anos, correspondia a 18%, hoje corresponde a 40% do PIB. Não há que se falar em aumento de tributos, mas sim na redução deles. É nesta linha que vamos em direção ao ministro Paulo Guedes.


O Sr ‘saiu’ de uma posição intermediária nas pesquisas para a expressiva marca de 2,3 milhões de votos (22% do total) na disputa pelo Senado. Por que as pesquisas erraram? E, caso tivesse concorrido ao governo do RS (empreitada interrompida ‘no meio’), acredita que poderia ter vencido? Por ter manifestado apoio de primeira hora ao presidente Bolsonaro, assim como outros governadores em outros estados fizeram, acredito que, caso tivesse mantido a candidatura ao Piratini, teria chegado ao 2º turno. Este é um ponto importante. Em relação às pesquisas, quando lancei a candidatura ao Senado estava em 4º, 5º lugar por ter ‘largado’ atrasado. Os demais já estavam na campanha. Mas, graças ao histórico de trabalho e realizações como deputado, líder classista e prefeito – e com o desenvolvimento da campanha, a população do RS entendeu melhor ter um empresário como seu representante.


O Sr foi o senador mais votado em Erechim (22.347 votos/22,3% do total). Tal cenário se repetiu em boa parte do Alto Uruguai. Qual seu compromisso com a região? Reconheço e agradeço a expressiva votação e garanto que vou ajudar a região. As principais áreas devem ser a agricultura, a saúde, reconhecendo as demandas e cobranças que chegam dos hospitais, e o turismo, que é muito importante e subaproveitado – basta olhar para o outro lado do Rio Uruguai e ver como SC explora as águas termais. Vamos trabalhar a questão da ferrovia e das rodovias que precisam de asfalto junto aos governos do estado e federal – sob a perspectiva do Alto Uruguai e da região Nordeste, focando naquelas obras prioritárias para o desenvolvimento local e o turismo. Chamaremos para o debate, ainda, a iniciativa privada e entidades de classe. União é o caminho.


Em relação aos governos Bolsonaro e Leite, respectivamente, qual sua expectativa? O governo Bolsonaro é um governo de direita, algo que não tínhamos no país há 30 anos. Está alinhando a economia, fazendo o que, nas mais de duas décadas que estou aqui, jamais vi seja no FHC, Lula, Dilma ou Temer. Está enfrentando os problemas que precisam ser resolvidos no Brasil. Da mesma forma o governo Leite, jovem que começou bem e vai fazer um grande trabalho, melhorando as condições que o Sartori deixou no RS.


O Sr concorrerá à presidência do PP gaúcho? Primeiro, o Celso Bernardi é um grande presidente. Para mim, seria difícil assumir este compromisso pelas atribuições que já tenho. Estarei, claro, na rua a fim de ampliarmos ainda mais nossa participação no RS, onde já somos o maior partido. Queremos, em 2020, eleger mais prefeitos, vereadores e formarmos novas lideranças. Sobre a escolha do sucessor do Celso Bernardi, ela será feita de forma coletiva e certamente encontraremos um bom nome.


Fonte: Jornal Bom Dia

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