
As hidrovias brasileiras têm enorme potencial para transporte comercial, mas ainda são subutilizadas e ineficientes nas 12 bacias hidrográficas do país, de acordo com a Confederação Nacional do Transporte (CNT). Dos 63.000 quilômetros (km) que poderiam ser potencialmente usados para navegação interior, apenas 19.500 km (30,9%) da rede existente é atualmente usada comercialmente para transporte de carga e passageiros, deixando mais de dois terços sem uso.
Porém, apesar das oportunidades perdidas, os rios brasileiros têm registrado aumento do volume transportado nos últimos anos, o que mostra seu enorme potencial para contribuir com o desenvolvimento da economia do país. Apenas 5% do transporte de cargas no país é feito por vias navegáveis interiores. O Brasil tem atualmente 2,3 km de hidrovias utilizáveis por 1.000 km quadrados, mas o número poderia chegar a 7,4 km por 1.000 km quadrados se todas as hidrovias navegáveis fossem utilizadas, segundo estudo recente publicado pela CNT. “Grande parte dos rios utilizados para transporte fica na região Norte do Brasil. Nessas áreas, o transporte de passageiros é, na maioria dos casos, feito por meio de rios, mas mesmo assim o transporte aquaviário está longe de atingir seu potencial máximo ”, disse Vander Fancisco Costa, presidente da CNT.
A CNT atribuiu o baixo uso de hidrovias a fatores como infraestrutura deficiente, burocracia e baixos investimentos federais e privados. De acordo com o estudo, de 2011 a 2018, apenas 10% dos investimentos federais no setor de transporte comercial foram direcionados à navegação interior. Investir em hidrovias tiraria alguns encargos do transporte rodoviário, e aumentar o uso da navegação interior também ajudaria a reduzir os custos de transporte, com a vantagem de reduzir as emissões de carbono, acrescentou o CNT.
Desafios das hidrovias brasileiras Costa disse que há uma necessidade urgente de expandir a integração entre as bacias hidrográficas e outros sistemas de transporte e também expandir de forma eficiente a conexão das hidrovias interiores com os principais portos marítimos comerciais. Outro obstáculo é melhorar a infraestrutura de terminais terrestres, sistemas de navegação, bóias, além do patrulhamento policial e aduaneiro das bacias hidrográficas.
“As eclusas de navegação necessárias para a passagem de navios e barcaças em barragens altas, como Itaipu e Tucuruí, são outra necessidade importante e é necessário um plano diretor que combine hidrelétricas e navegação fluvial. A dragagem de grande manutenção é necessária em todas as bacias, mas é especialmente urgente no Sul do Brasil. Outro problema diz respeito aos processos de licenciamento ambiental, que podem ocasionar processos demorados e demorados para a concessão das permissões, causando atrasos nos projetos de transporte hidroviário ”, disse Costa.
Fonte: O Petróleo