Para João Ferreira Netto, garantir a navegabilidade dos rios e a infraestrutura dos terminais de abastecimento pode contribuir com o desenvolvimento do modal hidroviário

Brasil possui nove grandes hidrovias principais, em rios como Amazonas, Paraná e Araguaia, com estrutura para funcionar como alternativa para o escoamento de produtos. Ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, o professor João Ferreira Netto, do Departamento de Engenharia Naval e Oceânica da Escola Politécnica (Poli) da USP, comenta a infraestrutura e as possibilidades do modal hidroviário.
Segundo Ferreira Netto, nem todo rio navegável pode ser considerado uma hidrovia. É necessária a infraestrutura de sinalização, segurança e terminais de desembarque. “Até 2015, a gente considerava somente o Tietê-Paraná como uma hidrovia propriamente dita, porque era o único rio navegável que contava com toda essa infraestrutura”, afirma. Desde então, houve um desenvolvimento nessa alternativa de transporte, principalmente na região do Arco Norte, para o escoamento de grãos.
O Departamento de Engenharia Naval e Oceânica realiza pesquisas para viabilizar as hidrovias e aumentar a capacidade de escoamento. Para o professor, o Brasil tem uma capacidade produtiva muito grande, mas o custo logístico do transporte dessa produção é um empecilho comercial.
Entre as dificuldades de utilização do modal hidroviário estão a falta de acesso terrestre a esses rios, a falta de investimento em terminais que possibilitem maior capacidade de carregamento e a pouca profundidade em alguns trechos dos rios. “A passos de tartaruga essas medidas vêm sendo tomadas”, afirma.
O volume transportado depende da profundidade da hidrovia. “Do ponto de vista natural, sem intervenções, as hidrovias da região Norte são privilegiadas.” Com menores custos logísticos de escoamento e um frete mais barato o preço dos produtos brasileiros é reduzido, o que confere vantagem no mercado externo. Por conta desses aspectos naturais, os rios do Norte, em geral, exigem menos investimentos.
Segundo o professor, o desenvolvimento hidroviário foi deixado de lado no Brasil. “A nossa falta de planejamento trouxe prejuízos que a gente colhe nos dias de hoje”, afirma. “De maneira geral, a gente pode dizer que os investimentos em hidrovias são muito menores que o investimento necessário, por exemplo, para a construção de uma ferrovia”, comenta. “Não é uma obra de implantação, é uma obra de melhoria”, acrescenta. Como grande parte dos terminais já conta com o investimento privado, garantir a navegabilidade nas hidrovias é uma das principais medidas que devem ser dotadas para desenvolver essa alternativa de transporte.
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Fonte: Jornal da USP