Os produtores podem fazer a diferença para levar o Brasil a ser bem maior como potência agrícola global

Não vai demorar muito tempo para que o Brasil ultrapasse 300 milhões de toneladas de grãos colhidos por safra, 69 milhões de toneladas a mais do que o ciclo encerrado no primeiro semestre de 2018. Talvez nem demore os dez anos apontados pelo estudo Projeções do Agronegócio Brasil 2017/2018 a 2027/2028, atualizado todos os anos pelo Ministério da Agricultura. “O Brasil já definiu sua vocação como produtor global de alimentos”, diz Roberto Rodrigues, coordenador do Centro de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas. “E vai continuar crescendo com produtores mais qualificados, com a entrada definitiva das mulheres como líderes no setor e com as novas gerações.” A meta pode ser batida antes data prevista porque é cada vez mais presente um arsenal de ferramentas à disposição do setor do agronegócio.
As agriculturas 4.0 e 5.0 darão respostas cada vez mais precisas na automação de processos, na inteligência artificial, na computação em nuvem e na robótica. Além disso, a biotecnologia será cada vez mais eficiente em insumos para as lavouras, como as moléculas de agroquímicos, a nanotecnologia e os fertilizantes. E mais: entra em cena a agricultura regenerativa, conceito que não servirá apenas para as pequenas propriedades dedicadas aos sistemas agroflorestais, mas a uma gama maior de propriedades acima de 500 hectares. Há pesquisas que apontam para esse caminho. Tudo embalado pela bioeconomia, definida pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) como um mundo onde a biotecnologia se funde ao conhecimento, à biomassa renovável e à integração entre aplicações.
A agricultura e a agroindústria vão produzir cada vez mais alimentos e fibras, e também bioenergia, biocombustíveis, bioplásticos, biorremédios, biocosméticos. A OCDE estima que, até 2030, a bioeconomia injetará na economia US$ 1 trilhão por ano, dos quais US$ 380 bilhões serão da produção primária. Para ganhar velocidade nesse processo, o Brasil precisa combater a burocracia, proporcionar segurança jurídica, manter um ambiente sadio para investimentos e aproximar suas cadeias produtivas do consumidor. “Chegou a hora do agronegócio assumir a dianteira no desenvolvimento da sociedade urbana”, diz José Luiz Tejon, consultor e doutor em ciência da educação. “Essa agrossociedade envolve tudo o que orbita e se conecta com os fundamentos econômicos do agronegócio.”
Fonte: Dinheiro Rural